28 de out. de 2009

TPM

Reli reflete sobre a existência da tão desacreditada TPM. Mas ela existe. Não existe para os homens, esses seres simplificados, pois eles não possuem, com a graça de Deus, a variação hormonal das mulheres. Falta requinte, enfim, são o que são e não há o que se faça pra mudar. Mudanças são para as fêmeas. Reli chega a pensar as vezes que são coisas da cabeça, porque não se sente mal todos os meses. Em sua vida, a TPM foi sempre um mix de sentimentos. Certos meses novas novidades, certos meses sem surpresas. Raivas inesperadas, às vezes. Tristezas sem sentido, às vezes. Pontadas repentinas, às vezes. Peso na base das costas, às vezes. Barriga inchada, quase sempre. Sensação de ter engordado, quase sempre. Fome louca, às vezes. Intestino preso, às vezes. Pensamentos obsessivos, às vezes. Cansaço, às vezes. Dor de cabeça, quase sempre. Melancolia, às vezes. Vontade de não fazer nada, às vezes. E o que mais vier. Reli leu num livro que se tirar o açúcar de seus dias, tirará a TPM de seus meses. Está tentando, mas açúcar equivale não só ao pó branco que adoça, mas aos pós de outras cores que adoçam também e são chamados de naturais; aos pós mais encorpados que são chamados de orgânicos; à lactose do leite; Frutose das frutas; ao mel e provavelmente a muito mais “oses” que se vê por aí sem conhecimento de causa. Muitas vezes Reli não acha açúcar nos rótulos das embalagens, mais estará incluído em carboidratos. E comprar produtos com “sem adição de açúcar” na embalagem é bem difícil. Reli não consegue entender como vivem os diabéticos. Mas Reli continuará convivendo com a TPM, pelo visto. Que jeito? Reli sabe que faria muito bem a ela se mexer, sair de casa e encarar a Yoga. Certamente se sentiria melhor. Mas não quer conseguir isso. Precisa curtir seu sofrimento. Queria poder vegetar o dia inteiro. Mas tem que fazer comida pra comer. Queria ficar deitada o dia inteiro. Mas seu parceiro ficaria tentando ajudar e sendo carinhoso quando Reli na verdade preferiria não escutar som algum. Reli queria não ter a obrigação de tomar banho, regar as plantas, catar a caneta que caiu no chão, tirar o esmalte vermelho destruído das unhas, lavar a louça de ontem, arrumar a cama. Reli quer nada. Mas pra poder ter nada precisaria estar só, totalmente só. E não satisfeita sentiria solidão, e tudo o que a acompanha, e se perceberia desamparada, e acharia que ninguém gosta dela de verdade, e necessitaria de companhia, e daria no mesmo em qualquer situação. Ser mulher é ser antagônica em certos períodos do mês. Reli quer esperar o tempo passar. Porque ele passa. E com ele a depressão. E tudo muda. E o sol brilha novamente.

22 de out. de 2009

Tudo ao mesmo tempo

Reli reflete sobre tempos em que conseguimos perceber o andamento da vida. Mesmo que confuso. Nesta semana Reli percebeu uns fatos sincrônicos, e mais, achou que era a vida em forma de poesia. Ficou encantada. Claro que na vida de Reli, suas mudanças, vêm acompanhadas de sintomas em seu corpo. Sintomas esses em forma de certas dores familiares a ela. Reli espera um dia passar por mudanças sem precisar sacrificar seu corpo. Isso será culpa? Não merecimento? Enfim, uma bobagem que a mente de Reli faz refletir em seu corpo. Mas, falando em dores, nesta semana, o desconforto em questão é enxaqueca com episódios febris, enjôos,  e perda de energia, ou seja, todo o filme que Reli já viu muitas vezes. Reli tem o fígado abalado por certos alimentos ou pelo exagero de qualquer comestível. Tem que andar na linha, mas muitas vezes não o faz. Causa e efeito. Responsabilidade sua. Mas junto com sua dor houve a possível vinda de sua prima para cidade em que está vivendo. Seu marido viajaria e Reli não iria para pode dar atenção à parente. Dessa vez Reli não estaria visitando a mãe enquanto seu cônjuge viajava. Uma pequena mudança. Aproveitaria a cidade em que vive com um outro “outro”. Aconteceu também de uma amiga de sua Tia que passa por momentos difíceis ir lhe visitar. Essa amiga era velha conhecida de Reli. Ela havia ficado na casa que Reli morara por estar trabalhando fora de sua Terra. Outra mudança. Uma amiga sua e não por intermédio de seu marido no novo estado. E com ela, a troca de idéias e possibilidades de mais trocas. A mãe da afilhada de Reli também apareceu via internet cobrando atenção de dia das crianças de sua filha, afilhada de Reli, e a lembrança do aniversário de sua outra pequena. Outra mudança. Reli não se sentiu mal em falar a verdade do esquecimento do dia especial e da falta de conhecimento do aniversário da outra. Com essa resposta se sentiu inteira, chateada por não ter se lembrado, mas não culpada. Reli é assim. E por fim, sua grande amiga que tinha tido um entrevero apareceu em email dizendo que já tinha como se comunicar com Reli por voz via internet. Outra mudança. E Reli jogou “runas” pra saber o porquê de tanta dor; e essas falaram em transformação total de atitude deixando as trevas para trás. É fato que Reli não entende porque precisa vir com dor, mas é fato também que vem. Assim seja. Deus seja louvado. E que Reli continue focando no lado bom de sua dor já que a tem. Reli agradece.

6 de out. de 2009

Interpretação

Reli reflete sobre o que as pessoas falam e o que as pessoas entendem. Uma pessoa fala algo num tom. A outra pessoa pode entender esse algo em outro tom. E ao ser contado pra outras e outras pessoas, podem aparecer muitos outros tons. É o telefone sem fio. Então como solucionar problemas de tons? Talvez seguindo a máxima que diz que é melhor ser feliz que ter razão. Mas Reli sabe que nem sempre é tão fácil assim. Sabe que muitas vezes o problema já foi criado, já existe uma distância entre as partes e que não adiantará muito pedir desculpas, ou não continuar uma discussão. Taí a dúvida de Reli. Deixar o tempo passar? Isso realmente acalma os ânimos, mas e a tensão instalada até o amortecimento? Como viver bem com essa angústia? Reli não sabe, mas vem tentando descobrir quando passa por essas intempéries. Reli acha que uma mulher madura, segura de si, saberia que fez o que pôde pro estremecimento não continuar, e que, se nada mudou, fez sua parte e seguirá com sua vida normalmente. Entregará pra Deus a solução já que o que tentou não adiantou. Mas Reli não é tão magistral assim e fica triste até o acontecimento caducar. E esse triste a atrapalha em sua vida, pois tudo o que vier a fazer, suas atividades, carregarão um peso. Ok, Reli entendeu, faz parte da vida. Tristezas são pra ser vividas e há que se aprender com elas. Não adianta fugir, porque a bola de neve aumenta. É pura aceitação da realidade difícil. Ninguém disse que a vida era fácil. É como tomar antidepressivo pra qualquer incômodo. O remédio é pra depressão e não pra tristeza. E talvez, mesmo sentindo sua vida um caco, e não conseguindo ser a mulher maravilha, aprenda com isso, e um dia venha a ser mais fácil. Ou não. Dizem que o importante é competir, e que o gol é um resultado, mas é ele que nos traz a maior felicidade, isso é fato. Reli relaciona isso com o problema: ficar de bem é que traz felicidade, mas o importante é vivermos inteiramente o momento de competição pra aprendermos com ele. Pois outros momentos como este virão, como um exercício. Se está tudo nos conformes, esses momentos não acontecem. A vida é de ciclos: caos e calmaria. Quando tudo está muito bom e começa a cheirar a tédio, acontece o caos pra que haja uma nova reorganização. Ou não.  O futuro não está escrito. Somos nós que o escrevemos, e isso acontece no presente.

1 de out. de 2009

Discursos distorcidos

Reli reflete em como suas palavras estão sendo distorcidas. De um tempo pra cá, muito do que fala, é ouvido como ataque. Reli se pergunta se está falando de alguma forma estranha que suscite isso. Reli nunca teve problemas desse tipo. Porque agora? Reli sabe que fora, no exterior, está sendo manifestado o que vai dentro dela. E tenta analisar sob esse foco. Desde que mudou de sua cidade, ou seja, desde que mudou radicalmente internamente, o que fala é distorcido. Reli até acredita que certos discursos seus poderiam dar margem a outras interpretações. Reli não quer tirar o corpo fora, quer entender. A primeira vez foi antes de sair de sua cidade Natal: uma amiga combinou de jantar já que Reli se mudaria. E falou com outras amigas. Duas não foram porque não receberam telefonema de Reli. Mas não foi Reli que inventou o tal jantar. Por ela nem teria o tal. Ela estava num momento difícil de mudança e não queria alardear o que nem tinha certeza. De outra vez num fim de semana em sua cidade Natal, dias depois soube que uma amiga estava chateada por Reli não ter telefonado no dia que se foi pra saber de sua mãe enferma. Reli nem se lembrou disso. Não estava sendo fácil naqueles dias sair da casa de sua mãe, pensava em muitas coisas, sentia culpa, a adaptação na nova cidade não era fácil. E essa amiga cobrou de Reli dizendo que tinha ligado pra sua mãe pra saber se precisava de algo quando Reli se fora. Reli respondeu que agradecia, mas essa era ela, Reli não era assim, dificilmente se ofereceria pra ligar pra mãe de sua amiga a não ser que essa pedisse. Um amigo em uma rede de relacionamentos achou que Reli tinha sido seca e sarcástica quando sempre brincaram dessa maneira. A outra amiga queria vir pra casa de Reli em sua nova cidade quando seria impossível. Assim Reli colocou: que não seria possível por isso, isso e isso... E ainda mais uma vez, estando em sua cidade Natal, falando com o celular de uma amiga pra quem tinha ligado, Reli esclareceu que não era só ela que pagava a ligação, mas a amiga também, pois estava em outra cidade e seria cobrada por deslocamento. Reli falou isso, pois a amiga achava que só Reli estaria pagando. As duas últimas não se colocaram e pode ser paranóia da cabeça de Reli. Mas o fato é esse: Reli já está paranóica com o que vem acontecendo. Não teve maldade em nenhuma das vezes. Mas o rumo está sendo sempre parecido. Suas palavras são mal entendidas. Sempre em relação com as pessoas de sua antiga cidade. Reli não está entendendo o que acontece.