18 de fev. de 2010

Mesmo idioma

Reli reflete sobre um novo achado em sua vida. Uma característica tão simples, tão banal, tão idiota: “falar a mesma língua”. Reli percebeu que não adianta falar uma língua que não entendem. As pessoas acham interessante, inteligente, colocam-na num pedestal, mas não apreendem nada, ou seja, o blá blá blá será em vão. Tempo perdido. Estará falando sozinha, e assim é melhor escrever. Então Reli resolveu se comunicar. Uma amiga veio com uma questão, e em vez de Reli falar o que acredita e da maneira que acredita como sempre fez: se colocou no lugar da pessoa e deu uma idéia afim com a personalidade da manceba. Impressionante como o som ressoou dentro da consulente. Sem pensar duas vezes seus olhos brilharam e ela colocou em prática a criatividade ofertada. E o terceiro outro, que entende o idioma da segunda e não o de Reli, comprou o discurso prontamente e tudo se acertou. Reli não agiria daquela maneira, prefere não acreditar a vida daquele jeito, mas cada um escolhe seu caminho. A confusão de Reli foi no sentido de dar um conselho que não faria. Reli sempre colocou o que acreditava, e, muitas vezes, parecia até superior por ter conceitos tão nobres. Mas esqueceu de ter a humildade de enxergar que as pessoas são diferentes, e conseqüentemente, agem de formas diferenciadas. Cada um vive a sua verdade e colhe o que planta, até decidir, se decidir, mudar. E certo e errado é um julgamento, assim como nobre. Cada um escolhe o seu certo. O certo que lhe deixa mais confortável. As pessoas podem conviver e se gostar mesmo sendo distintas. Ninguém é igual e nem perfeito. Quem disse que é Reli quem tem a razão. Na Astrologia, o planeta Mercúrio rege a comunicação, e sabendo-se de antemão os aspectos desse planeta na carta natal, pode-se estudar uma melhor maneira de acessar a pessoa. É a mesma coisa que Reli fez. Só que sem o auxílio de um estudo e sim de sua sensibilidade. Mas Reli ainda tem dúvidas por aconselhar algo que vai contra o que acredita. Pensa em se colocar em relação ao que quer preservar ao mesmo tempo em que fala a língua da pessoa. E também percebe que não é porque aconselha suicídio que alguém se mata. E pensa também pra que servem as psicólogas. Muitos pensamentos muitos nós na cabeça. Há que ser por partes, por vivências.

14 de fev. de 2010

Desapego

Reli reflete sobre o desapego, sobre o deixar morrer, deixar passar, ficar sem. Reli vê claramente que precisa deixar ir certa situação que nem é mais. Talvez necessite agir no mundo dos sentidos, mas o objetivo é atingir seu próprio coração. Porque é ali que está a segurar. É ali que mora o apego. Porque quando conseguir deixar pra trás o que ficou lá atrás, a realidade externa se transformará. Reli acha que tudo tem um porque e essa demora em largar tem o sentido expurgar até o fim algo que nem bem consegue compreender. Reli já viu esse filme tantas outras vezes. Vive uma situação, mas já anteviu o futuro. E por viver essa dicotomia, acha que tem de tomar uma decisão mais imperativa. E já viu também, que quando se força, acaba por voltar um degrau. Porque não estava preparada para dar tal passo. Tudo tem seu tempo. E o que atrapalha é saber antes o que está por vir. É não ter paciência em seus processos. E mesmo assim, muitas vezes, desacredita o que vai em seu interior pra poder viver até o fim o que não é mais no exterior. Com a sutil intenção de ir até o derradeiro ponto final. Porque ainda não tinha chegado ao real fim. E quando reflete sobre tal fim, percebe que a dificuldade é porque ele está no reino do não manifesto, do mistério, do sentir. E não no mundo que percebemos como real, o dos sentidos. Reli ainda briga com isso. Quantas vezes já percebeu que é só seguir o que dá mais conforto. Que não precisa brigar. Não tem que se angustiar. Que tudo tem seu tempo. E quem somos nós pra saber quanto tempo o tempo precisa. Mas não, Reli teima em querer antecipar o que não chegou ao seu fim por ter a consciência do tal término. E esse “The end” nem é no exterior. É dentro dela mesma. Os espelhos podem nem mudar, mas mudará quem olha pros espelhos. Por isso Reli reflete escrevendo. Quem sabe não ganha tempo? E a simplicidade da situação é que o medo reside em não mais ser quem foi. Se perder do que conquistou. Se perder da si mesma que viveu. Será possível?

12 de fev. de 2010

Projeção

Reli reflete em como não criou expectativas em relação a seu ex-parceiro. E com isso, pode ver a si mesma. Não teve vergonhas de si mesma. De não fazer nada enquanto esperava que seus possíveis objetivos se manifestassem. De não necessitar de amizades e ficar bastante sozinha. De dar uma engordadinha de inverno. De se sentir feia. De mostrar seus medos. Estava bem acompanhada dela mesma. Viveu o presente vendo o outro se desnudar sem esperar ver suas projeções manifestadas. Tinha seus focos, e esses, não era o que esperava que o outro fosse. O outro poderia ser qualquer coisa que Reli escolheria então se continuaria ali ou não. Como quando escolheu sair da relação por ficar clara a amizade de ambos. Por ficar claro que havia amor de outra espécie que não o que junta os casais. Então, por não ter expectativas, não sentiu raiva e nem agrediu quando o outro foi o que era. Não teve medo de ver o outro como ele se mostrava, e, conseqüentemente, não teve medo de se ver. Reli percebe que criamos expectativas do que desejamos do outro, baseados em nossas boas intenções. Quando enxergamos que o outro não se mostra como gostaríamos, sentimos raiva, e muitas vezes agredimos com medo de aceitar que o outro é diferente do que imaginamos. Porque se aceitamos o que não queremos ver, ou seja, desilusão, não poderemos mais nos esconder tentando mudar o outro. Entenderemos que o outro é daquele jeito e só nos restará nos olharmos. Enxergarmos nossas escolhas, aceitando o outro como ele se mostra, ou quem sabe escolhendo algo diferente. Porque nosso tempo não mais estará ocupado pelo outro. E muitos procurarão outros outros para vestir as expectativas. Até cansarem e resolverem se olhar. Ou não. E mesmo assim, não há nada que nos desqualifique perante Deus.

7 de fev. de 2010

Mudanças

Reli reflete sobre as mudanças que empreendemos na vida. Mudamos o exterior manifestando o interior. Mudamos o exterior para fazer manifestar o interior. Mudamos o exterior para encobrir a não mudança do interior. Esse exterior seria o mundo manifesto e esse interior o que vai dentro de nós, nosso mais íntimo ser. Reli acredita que a mudança interna pode nem acontecer, mas isso se dá porque o momento ainda não era a hora certa dessa desejada mudança. Ou a tal mudança nem era pra acontecer. Porque se existe um desejo em mudar, mesmo que por um tempo seja só um desejo e não a mudança em si, mesmo assim prenuncia alguma transformação. Nem que a transformação seja aceitar o que se é ou o que se está sendo trazendo a reboque a não mudança. Mudar... Não mudar... Quem escolhe somos nós. As implicações serão em nós. Responsabilidade nossa. Reli constata como muitas vezes só nos percebemos mudados mais à frente. No momento da mudança estamos ativos e sem tantos momentos introspectivos que nos levariam a talvez perceber diferenças. Cada um é de um jeito. Cada um é de um jeito em cada momento. Cada um com o seu cada um. E ainda perdemos nosso tempo achando isso ou aquilo. Julgando muito mais que contatando. E nessa hora em que Reli se percebe nesses comportamentos divaga sobre a importância do silêncio. Em como esse silêncio nos coloca em contato com o nosso próprio interior. Em como caso seguíssemos a risca o não julgamento teríamos menos a dizer. Em como não adianta falar. Em como o falar pode não afetar cada um. Em como as mudanças partem de nós mesmos. Em como está tudo certo. E quando Reli diz “tudo”, engloba mais do que a palavra pode entender por tudo. Engloba o lado não manifesto da vida. Engloba o mistério. O que julgamos por certo ou errado. Engloba Deus e sua sabedoria sobre nossos caminhos.

Fazer nada

Reli reflete em como muitas vezes quando se sentiu sem ter o que fazer e um pouco desconfortável com isso, se percebeu então com saudades dele. Porque lá, onde vivia com ele, mesmo que estivesse só, o estava esperando. Ou fazendo comida pra ele. Claro, Reli também comia, era pros dois, mas se fosse só pra Reli, não seria aquilo tudo e nem daria tanto trabalho que enchia o tempo. E o tempo livre era confortável pra não fazer nada, ou escrever, ou outra coisa pra ela mesma. Era mais fácil daquele jeito. Um ajuntamento de seus afazeres, com afazeres pelo outro, com tempo livre. Aqui, não ligada a ninguém, ou melhor, em função de ninguém, Reli se vê sem objetivos, inerte. Porque lá onde estava antes, se encontrou. Porque lá não se sentiu solitária mesmo estando só. Porque lá conseguiu vislumbrar seu ser original. E o jeito é, nesses momentos sem objetivos, fazer algo que fazia lá. Ser o que escolheu ser lá e continuar cultivando aqui. Como escrever. Como o que está fazendo agora, porque aí se sente fazendo algo, como era lá, no antes. Se lá foi feliz assim, o tentaria aqui também. Nem que mude. E esse foi o caminho por Reli nesse seu peculiar momento. E assim vai levando. Até que se torne rotina. Até que se torne o que fazer. Que se torne companhia. E Reli se agüente só e não em função de um outro. Em função dela mesma. Embora Reli chegue a pensar que ter um pouco de seu tempo em função de um outro não seja nada pejorativo. É um se doar. É gostoso. É caridade. Compra um pedacinho do céu. De seu céu interior que é seu próprio bem estar no momento presente. Por prazer. Percebendo então que não faz pelo outro, mas por si mesma. Com prazer porque recebe pra isso um pagamento sem valor conhecido no mundo da manifestação. Um pagamento que satisfaz ao coração. Amar-se.