27 de mai. de 2010

Não servir pra nada

Reli reflete sobre algo que é muito difícil de aceitar em si mesma. Achar que não serve pra nada nesta vida. Sim, Reli se encontra deveras depressiva. E o caminho pra esse estado se dar foi algumas cervejas na noite anterior junto com uma noitada sensacional culminando numa noite mal dormida, ressaca, e enxaqueca que já dura uns dois dias. O enjôo que se sente já pode levar uma pessoa a pensar as piores coisas de si. Mas chegar a essa conclusão: que não se serve pra nada nessa vida, talvez só numa aula de costura onde teve de desfazer cinco linhas de lastex que não deram certo. Aliás, como tudo em seu dia. A cada linha desfeita, e isso demora, é chato e atrasa, Reli refletia em como vem tentando em sua vida achar um trabalho, serviço, vocação, enfim, algo que não seja sentido como apenas um hobby, um estudo, uma curiosidade. Algo como uma paixão que a fizesse embarcar doa o que doesse. Algo que movesse todas as suas células e que não passasse. Que não deixasse de ser repentinamente. E lágrimas lhe vieram aos olhos. Porque doeu. Mas Reli estava numa aula de costura destinada a aprender e não num grupo de auto-ajuda. Tratou de pensar em algo mais e engoliu seu sentimento. Que ficou preso. Que recalcou. Isso de se encontrar já ocorreu uma vez, e durou um bom tempo, mas de repente deixou de fazer sentido. E Reli nem sabe por quê. Ou talvez porque devesse viver certos percalços. E Reli desde então vem tentando se achar. Vem se desvendando de todos os jeitos. E isso engrandece. Mas a questão de Reli é que as pessoas chegam a um mínimo denominador comum. Reli não. Continua buscando. E está cansada. E acha que deveria aceitar que não serve pra nada e parar de buscar. E acomodar. E até isso já tentou. Mas precisou estar longe de tudo e todos pra ser em paz nessa condição. E foi bom. Mas Reli acabou por voltar pra vida e com ela as cobranças dos outros que vem em forma de ajuda. Cobranças essas que são suas também. E é aí que mora o perigo. Porque se Reli realmente aceitasse sua condição de acomodada e em paz no “não servir pra nada”, nada a afetaria. Os outros são só um espelho, um reflexo do que vai dentro dela mesma. Mas Reli se cobra. Quer viver essa inteireza de se encontrar em um ofício. E nesse momento do escrever, Reli poderia voltar à primeira linha desse desabafo porque se vê diante de um abismo. E alguns diriam imperativamente: Salta! E Reli responderia: Onde? E outros retrucariam: No abismo, no desconhecido que é um manancial de oportunidades. Dá medo, mas o caminho é esse... E Reli mais uma vez e já se sentindo sem graça nem sequer balbuciaria algo por se ver tão tão tão perdida, out, fora, falando outra língua. Talvez quando algum remédio fizer efeito na enxaqueca consiga ver alguma luz. Reli vem tentando isso só a vida inteira.

23 de mai. de 2010

Ser X Não ser

Reli reflete sobre o que ser ou não ser. Reli percebia sua vida tomando um rumo deveras introspectivo. Confortável. Seguro. Mas também se percebia sem muitas aberturas, aventuras, emoções. Se fechando em si mesma. E resolveu fazer movimento em direção a certa modificação. Seu tempo no casulo já estava por terminar. E dentro desse novo caminho repreendeu-se resolveu voltar pra seu conforto. Mas já era um pouco tarde e Reli também não fez tanta força assim no sentido de fugir de seu novo destino. E a bolinha de neve planejada começou a seguir seu caminho. E Reli vem refletindo como sente que essa nova estrada não tem a ver com a pessoa que estava cultivando e sim com a persona que sempre fantasiou querer ser. Mas Reli nunca conseguiu se sentir bem sendo tal persona. Não tinha peito pra bancar tamanha demanda. E nesse momento Reli quer ser a pessoa introspectiva e quer ser a persona. Eis que surge o impasse. O que Reli vem tentando fazer é ser os dois, mas percebe que muitas vezes ultrapassa seus limites de um lado e do outro. E fica um tanto quanto perdida se perguntando quem se é. A nova vida trás possibilidades mais concretas e voltadas para o exterior, a outra, vem com possibilidades de interiorização e crescimento advindo disso. As duas trazem engrandecimento. E Reli tentará chegar a um meio termo com essas duas formas de viver e quais mais vierem. Está decidido. Por hora. A questão está em não ficar doente por se sentir sem energia ao extrapolar no lado que leva mais ao exterior de seu ser. Onde vive essa linha tênue que divide esse limite? Nova vida. Novos abismos. Portas abertas a misteriosas vivências entremeadas por tensões e inseguranças. Isso é dar a cara a tapa, isso é estar viva, Reflete Reli.