26 de jul. de 2010

Ira

Ira


Reli Reflete sobre o movimento a partir da raiva. Sobre precisar de raiva como impulso para algo acontecer. E quando algo acontece, quando uma ação se faz presente, a reboque vem o sentimento de sentir-se vivo. Ou seja: sentir raiva para sentir-se vivo. É necessário? Faz sentido? Desgastante o é por certo.

Indo mais fundo Reli Reflete sobre a preferência do surgimento da raiva ao invés da culpa. Como se a culpa fosse tão dolorosa de ser vivida que a raiva se colocava em seu lugar como salvadora. Porque a culpa causava depressão. A raiva ocasionava ação. Depressão não suscitava ação. A raiva era mais produtiva. Raiva = agressividade. Agressividade = ímpeto. Ímpeto = ação, força, coragem. Movimentos reconhecidos como mais nobres pela sociedade civilizada. Mas por certo que uma vez escolhida a raiva, o próximo sentimento a reboque era a culpa de ter sentido a raiva. Um círculo. Um ciclo vicioso.

As reflexões em questão vieram à tona através da percepção da estranheza de se estar agindo sem raiva. Onde não se sabe onde buscar a força para um movimento já que a raiva saiu à passeio. Mas existe o desejo da ação. Esperar por uma possível volta da raiva pode não acontecer já que ser responsável é a opção. Soa mais saudável. O stress vivido é devido à falta de stress. Stress esse derivado da percepção de que falta algo. Do medo que a ação com esse novo jeito possa não dar certo. A maneira de atuar é desconhecida. Ela parece não englobar vida. Racionalmente é entendido como a maneira que deveria ser. Um movimento de paz e paciência. Algo que vai acontecendo como tem que ser. Em que o tempo dos acontecimentos se iguala ao tempo do movimento irado. Nada fica faltando. Mas a sensação é de falta. Uma nova estrada desconhecida. Uma nova sinapse.

Talvez por ser novo? O movimento natural. O movimento almejado. O movimento que percorre o caminho na linha do meio. No intervalo da respiração. Sem desespero.

Reli reflete e percebe que uma vez mais, o senhor que põe ordem aos acontecimentos para não enlouquecermos, o tempo, se incumbirá de aparar as arestas das interrogações. E o stress que veio do não stress vira paz. E os raios de sol conseguem passar por entre as folhagens da nova estrada. Assim como ervas daninhas tomam conta do caminho antes aberto a machadadas de raiva. Trajeto este que pode se fazer antigo e ter a chance de desaparecer se assim escolhermos.

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