8 de set. de 2009

Medo

Reli reflete sobre o medo que sente de ser mandada embora. Medo que  digam que ela tem que sair deste lugar, ser rejeitada, de mudar e não permanecer em mais uma situação, de encarar os outros, da cobrança da sociedade, do assumir um fracasso, de aceitar que muda e é assim que busca sua felicidade.  Medos covardes. Porque isso? Parece tão sem propósito. É vergonha por não estar sendo como acha que a sociedade quer que ela seja. É hipocresia.  Até porque Reli prefere que a empurrem a uma situação do que tomar a iniciativa por ela mesma. Aí sim sabe lidar bem com o que vem. Nesses casos Reli se direciona prontamente, mesmo que triste, arruma sua nova vida e vai em frente. Reli não consegue se lembrar de nenhum acontecimento em criança que a tenham mandado embora. Pelo menos não está em sua lembrança consciente. Mas se percebe com medo de ser mandada embora quando não está sendo como acha que seu parceiro gostaria que fosse. Se sente deixando a desejar, não dando o seu melhor, não atendendo a expectativas, por isso espera que a mandem embora. Reli tem uma certa mania de perfeição. Chega até a sonhar com a situação, como se tivesse de estar preparada caso ele diga qualquer coisa sobre ir embora; porque Reli imagina no sonho que será surpresa, que não imaginará quando vai acontecer, por isso o estar preparada. Mas Reli começa a achar que isso só se passa em sua cabeça, que é tudo interpretação sua, pois seu parceiro nunca falou nada disso. Algumas vezes Reli tem certeza que ele quer dizer isso embora ele diga que não. Reli chega a sugerir se ele quer isso ou aquilo.  Mas é coisa de sua cabeça. Ela só se lembra de uma pessoa a ter mandado embora. Mas está situação abriu magníficas portas. Reli sempre foi agradecida a este acontecimento. Estava feliz antes, ficou mais feliz depois, e não anteveu nada, não teve medo por antecedência. Nunca sentiu qualquer espécie de ressentimento. E era adulta. Será que na verdade Reli vive internamente o "ser mandada embora" porque deseja isso? Então projeta no outro? Onde está a coragem de Reli em assumir os seus quereres? Pelo menos nesse momento de sua vida, Reli não tem coragem de assumir nada. Muitas vezes já não teve coragem de tomar a iniciativa do que sentia, porque não confiava e nem acreditava que o que notava em si mesma, mascarado em projeções, era o que desejava. Reli se percebe ficando cada vez mais covarde, tendo mais medo. Quando era jóvem, sentia algo, e já tinha que agir conforme. Se pedia até mais paciência. Certas atitudes em sua vida ainda são assim, mas muitas, a maioria, não. São envolvidas numa núvem que Reli não enxerga o que tem em volta. Aí é que está, insegurança, medo de não ver o que tem em volta, medo de saltar no desconhecido; medo de encarar a sociedade, de ser ela mesma e se assumir. Por isso que quer ser empurrada. Pra não decidir e sim só remediar. Mas Reli já é uma adulta.

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